Nascemos em uma sociedade que cobra, em uma geração que cobra, em um lar que cobra. E cobra tudo. Todos os dias. O tempo todo.
Somos cobrados pelas notas, pelo trabalho, pelo pouco tempo que temos, por quem nós somos e quem devemos ser. Somos cobrados por um amor que pode estar em qualquer um, em qualquer lugar. Por um amor que, talvez, nem chegue. Somos cobrados por sonhos que não nos pertencem, por passos que não queremos dar. Somos moldados para algo que nos dizem ser grande, mas como saberemos? Nem eles sabem. Não há como saber... Mas há como cobrar. E somos. E iremos.
A pressão da cobrança nos sufoca, nos caleja. Há momentos em que nos cala. Acabaremos por aceitar, já que o sofrimento é menos doloroso, e ficaremos assim por um, dois, três anos. Talvez mais. A cobrança cala a coragem, os sonhos. A cobrança nos aprisiona, e, uma vez presos, não ganharemos a liberdade tão cedo.
Nos confiam a persistência. Nos ensinam a nos cobrar. Nos ensinam que precisamos ser melhores do que todos os outros. Não há espaço para dois. É necessário persistir até não aguentar mais. Até alcançarmos quem não queremos ser ou terminarmos como quem sempre temíamos. E quando chegarmos lá? Não... E quando chegaremos lá?
Nos confiam a persistência. Nos ensinam a nos cobrar. Nos ensinam que precisamos ser melhores do que todos os outros. Não há espaço para dois. É necessário persistir até não aguentar mais. Até alcançarmos quem não queremos ser ou terminarmos como quem sempre temíamos. E quando chegarmos lá? Não... E quando chegaremos lá?
Falam que a persistência move montanhas, muda o mundo. Queria que palavras bonitas fossem um terço do que aparentam. A persistência apenas anda de mãos dadas com o que sempre me perseguiu. É uma palavra amigável para se cobrar até o fim. Até o nosso fim.
Acabei percebendo um pouco tarde, mas ainda não cheguei no limite. Não chegamos.
No final, todos precisamos de coragem. Nem que seja um minuto.
Um minuto de coragem insana para não nos cobrarmos.
m.a
Acabei percebendo um pouco tarde, mas ainda não cheguei no limite. Não chegamos.
No final, todos precisamos de coragem. Nem que seja um minuto.
Um minuto de coragem insana para não nos cobrarmos.
m.a